HIP HOP CRIA: BRISA FLOW É ATRAÇÃO PRINCIPAL CONFIRMADA EM EVENTO FINAL QUE ACONTECERÁ NA ALDEIA KOPENOTY

A artista fará uma vivência musical para as crianças que participaram das oficinas do projeto, além de participar de uma roda de conversa com os jovens e adultos presentes; o evento acontece no próximo sábado 22/02 em Avaí-SP

por Andrezza Marques 
—
A rapper e cantora Brisa Flow, um dos maiores nomes do futurismo indígena no Rap e na música brasileira, é a atração principal do evento de encerramento da quarta edição do Hip Hop Cria. O evento, que ocorrerá no dia 22 de fevereiro de 2025, na Aldeia Kopenoty, a partir das 09h30, promete ser um marco na história do projeto, levando a cultura Hip Hop para um espaço de resistência e ancestralidade.

Filha de indígenas da etnia Mapuche Pehuenche do Chile, Brisa Flow começou sua carreira aos 13 anos, nas batalhas de rima de BH, e traz em sua arte o orgulho de suas raízes, mesclando rap, música eletrônica e neo/soul com letras potentes que questionam apagamentos históricos e exalta a cultura decolonial e latina. "Estou muito feliz e empolgada de estar realizando essa atividade na Aldeia, sobretudo com as crianças. É importante demais usar o Hip Hop como ferramenta de articulação política, indígena e contra o epistemicídio", declarou a artista, que também é pesquisadora.

Vale pontuar que o epistemicídio, termo definido pelo autor Boaventura Santos,  se refere à destruição de conhecimentos, saberes e culturas não assimiladas pela cultura ocidental, sendo um "subproduto" do colonialismo. 

Resistência e Hip Hop: o significado do evento
—
Desde sua primeira edição em 2021, o Hip Hop Cria tem sido uma ferramenta fundamental de emancipação e engajamento sociopolítico, especialmente para a juventude negra e periférica do interior paulista. O projeto se estrutura em oficinas que abordam os cinco elementos do Hip Hop – DJ, Breaking, Graffiti, MC/Rap e o Conhecimento, este último apresentado como o pilar central que sustenta os demais. Com base na Lei 10.639/2003, que determina o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas, o Hip Hop Cria integra essa identidade cultural nos espaços educacionais, promovendo formação, representação e profissionalização para jovens talentos.

O evento final deste ciclo ganha um significado ainda mais especial por acontecer na Aldeia Kopenoty, um território demarcado que simboliza resistência e valorização da cultura indígena. Para Vinão Mandinga, MC e coordenador do projeto, a escolha do local reafirma a luta contra a colonização e o compromisso do Hip Hop com a preservação e celebração da identidade de povos originários. “Levar as crianças para uma aldeia é um ato simbólico e potente. O Hip Hop também brota nesses espaços e se torna uma ferramenta de resistência”, destaca.

Com um público esperado de 400 pessoas, o evento reunirá artistas, oficineiros, moradores da aldeia e crianças atendidas pelo projeto. Será uma celebração de vivência, pertencimento e expressão cultural, consolidando o impacto do Hip Hop Cria como uma iniciativa transformadora para a juventude e a comunidade. O encerramento na Aldeia Kopenoty com a presença de Brisa Flow e outras lideranças indígenas da região, reforça a conexão entre arte, história e resistência, trazendo um novo significado para a relação entre Hip Hop e ancestralidade.

—
A 4ª edição do projeto que aconteceu de janeiro a fevereiro de 2025, foi financiada pela emenda cultural parlamentar da deputada estadual Monica Seixas em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura e viabilizada pela Sociedade Amigos da Cultura - SAC em Bauru, recebendo assim o título “Nossa Cultura Viva - O Hip Hop Cria".